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O meu cancro

O meu cancro

Voltei ao trabalho

Depois de ter terminado ontem a primeira sessão de tratamento de quimioterapia, voltei hoje ao trabalho.

Têm-me dito que devo levar uma vida o mais normal possível e como me tenho sentido bem decidi voltar ao trabalho, onde estava a fazer falta.

Espero que os efeitos dos tratamentos não se agravem e me permitam manter esta decisão, sem mais limitações.

Começou a quimioterapia

E, tal como estava previsto e os bons resultados das análises permitiram, comecei hoje a fazer quimioterapia.

Por maiores esperança e confiança que tenhamos num epílogo feliz, é um processo que assusta pelos efeitos que pode provocar e pelas dúvidas que gera de como nos vamos comportar.

Por isso e apesar da forma positiva com que tenho estado a encarar esta "provação", a noite passada foi mal dormida e com um valente ataque de urticária, que aparece quase sempre que o meu sistema nervoso é mais afectado.

Mas e isso é o que mais interessa, as coisas, também aqui e por enquanto, não estão a correr mal. Ainda não senti os seus efeitos, a não ser os do contacto com o frio, provocados por um dos fármacos do tratamento. Segundo fui informado, os efeitos piores poderão fazer-se sentir na quarta-feira. Espero que também então as coisas também não corram tão mal como com alguns doentes, Embora saiba que os piores efeitos não   logo no começo.

O primeiro dia de tratamento foi longo - começou por volta das 09h30 e terminou cerca das 15h30. Começou com uma conversa com uma enfermeira, depois com outra com uma psicóloga, aseguir com soro e alguns fármacos para ajudar a prevenir alguns dos efeitos previsíveis e finalmente a quimioterapia, propriamente dita. Esta consiste na introdução de três fármacos, dois em simultâneo e outro isolado, que começa no hospitale termina 44 horas depois em casa (trago um pequeno balão ligado ao catéter.

As próximas sessões serão bissemanais, podendo algumas terem de avançar uma senana se os resultados das análises a isso obrigarem. Hoje, por exemplo, houve alguns doentes que não puderam fazer os seus tratamentos.

Um passo decisivo

A cirurgia é um passo do processo de combate ao cancro. É um passo muito importante, podendo mesmo ser decisivo para o desfecho final.

No meu caso, foi feita há precisamente um mês. Espero que tenha sido feita a tempo. Mais depressa não podia ter sido.

Foi mais demorada, porque os diagnósticos – colonoscopia e tac – apontavam para que o tumor se localizasse no cólon ascendente e, uma vez aberta a barriga, não foi aí encontrado, tendo a incisão de ser aumentada para o encontrar no ângulo esplénico, na vertente do transverso. Ou seja, em vez de se encontrar no lado direito da barriga encontrava-se no lado esquerdo.

Segundo me informaram esta falha na localização do tumor, na colonoscopia , deveu-se ao facto da sonda não passar o tumor e ter-se considerado que este se encontraria na parte final (a contar do recto) do cólon. Aliás, a colonoscopia tinha um ponto de interrogação na localização referida.

Por isso, a Dr.ª Fátima Caratão, que me operou, no dia seguinte ao da intervenção, quando me foi ver logo de manhã e me informou de como tinha ela decorrido, disse que, apesar daquela discrepância, “foi feito o que tinha de ser feito”, como já por várias vezes aqui tenho referido.

Faz hoje um mês...

... que dei entrada no Hospital de Beja para ser operado, dois dias depois, ao meu cancro no cólon. Felizmente a operação correu bem e a recuperação também tem estado a correr bem. Parece que foi detectado ainda a tempo...

Foram 11 dias de internamento, a maioria dos quais sem poder comer nada (perdi cinco quilos), com bastantes dores nos dois ou três dias após a cirurgia, que não me deixavam mudar da posição de pau para o ar, mas em que nunca me senti ir abaixo, sempre me mantive calmo e com boa disposição.

Foi bom saber que "o que tinha de ser feito foi bem feito".

O internamento hospitalar para uma cirurgia é comparável à entrada num avião para fazermos uma viagem - entramos, perdemos o controlo da situação, que fica nas mãos na equipa de pilotagem e colaboradores, e quando aterramos (saímos da operação) e pomos os pés em terra sentimos um enorme alívio e sensação de de renascemos...

Cateter

Esta manhã, fui submetido a uma pequena cirurgia para instalação de um cateter, junto da omoplata, para fazer, através dele, os tratamentos de quimioterapia, que vou ter de fazer.

Estava muito ansioso, não só porque desmaio com facilidade como por não saber muito bem como ia ser. A simpatia e o profissionalismo da médica (não consegui fixar o nome, é romena) e das enfermeiras fizeram com que mais esta "provação" decorresse melhor do que esperava.

É uma intervenção delicada, porque é preciso encontrar a veia numa pequena zona muito ocupada. O outro companheiro da mesma "provação" teve de repetir a intervenção no outro lado, porque a primeira não resultou, o que mostra bem a delicadeza desta cirurgia.

Foi mais uma etapa deste percurso que espero permita acabar com eventuais sequelas do cancro que me atingiu. Esperança e confiança ainda não me faltaram.

 

Uma nota pitoresca: Antes da intervenção foi-me aplicado betadine no peito e na cara. Depois de terminada a intervenção fui levado a fazer um RX, ainda com a cara (incluindo a barba) vermelha. Foi engraçado observar a cara das pessoas ao me verem naquela figura. A alguns conhecidos ainda disse que andava à procura dos cowbois...

"Foi feito o que tinha de ser feito"

No dia 24 de Janeiro, logo de manhazinha, vieram depilar-me a barriga e devem ter-me dado um sedativo, porque, a partir dessa altura, cerca das 08h00, não dei conta de mais nada senão por volta das 17h00, quando a minha companheira me foi ver no recobro. Algum tempo antes, tenho uma vaga ideia de ter sido visitado pelos meus primos enfermeiros, mas não sei se teria essa ideia se eles não me tivessem dito que lá estiveram... Por volta das 18h00, voltei à enfermaria.

Se bem me lembro, pouco depois fui visitado pela médica que me operou, a Drª Fátima Caratão, que me disse que "foi feito o que tinha de ser feito". Eu talvez acrescentasse que "foi bem feito", porque tudo tem corrido bem desde então...

Gel reduz um dos efeitos secundários mais graves da quimioterapia e radioterapia

Cientistas da Universidade de Granada, em Espanha, desenvolveram um composto feito à base da hormona melatonina que é eficaz no tratamento e na prevenção da Mucosite, um dos efeitos secundários mais desagradáveis e perigosos da quimioterapia e radioterapia.

Trata-se do primeiro gel aplicado topicamente que se acredita combater a Mucosite, de acordo com os investigadores. Atualmente não há tratamento para esse efeito secundário, já que a sua fisiopatologia ainda não é conhecida.

A Mucosite é uma reação inflamatória que afeta a mucosa do trato digestivo, da boca ao ânus, e é um dos principais efeitos secundários resultantes do transplante de medula óssea, radioterapia e quimioterapia. 

Este problema grave complica o tratamento do cancro, já que os pacientes têm frequentemente de ser hospitalizados, muitas vezes, a radioterapia e a quimioterapia têm que ser suspensas. Em algumas situações, os resultados podem ser fatais.

Tonturas

Esta manhã não me apetecia sair da cama. Ao levantar-me senti tonturas.

Fui almoçar com a minha companheira, para assinalar o Dia dos Namorados, e, pela primeira vez depois da operação, bebi álcool (sangria de espumante com frutos silvestres, que aconselho). Não sei se foi por causa disso, mas voltei a sentir tonturas e má disposição ao ponto de me ter deitado um bocado.

Senti também uma ligeira impressão e inchaço (?) no local de onde me foi extraído o tumor.

Tudo isso já passou e agora sinto-me bem.

O choque de hoje foi maior

Esta manhã tive consulta de cirurgia com a médica que me operou. Os resultados da cirurgia não podiam ser melhores - a operação correu bem e a recuperação também tem estado a correr bem, sem incidentes nem queixas.

Já quanto ao diagnóstico anatomopatológico não posso dizer o mesmo. Dos 21 gânglios linfáticos retirados e examinados, quatro encontravam-se metastizados. Ou seja, vou ter de fazer tratamento de quimioterapia. Só na consulta de oncologia, marcada para a semana, vou saber que tratamento vou ter de fazer, por quanto tempo e que consequências são de esperar. Só fui informado de que o tratamento a fazer não será dos mais corrosivos.

Esta informação, apesar de contar com ela, porque todos os médicos me tinham referido que era pouco provável que não tivesse de fazer tratamento, acabou por ser um choque que me deixou mal disposto. Embora continue a encarar o processo com naturalidade e com confiança num bom resultado final, fiquei mais preocupado por causa do, eventual, sofrimento, duração e consequências da quimioterapia.

Vamos ver o que é que sairá da consulta de oncologia. Seja o que for, terei de a fazer e espero que elimine quaisquer resquícios do cancro que me atacou.

Vírus geneticamente modificado mata cancro

Um vírus geneticamente modificado testado em 30 doentes em fase terminal de cancro do fígado prolongou significativamente as suas vidas, matando os tumores existentes e impedindo o crescimento de novos, informaram cientistas.

“Pela primeira vez na história da medicina demonstrámos que um vírus geneticamente manipulado pode melhorar a sobrevivência de doentes com cancro”, disse no domingo David Kirn, co-autor do estudo internacional, à agência France Presse.

Os 16 doentes que receberam uma dose elevada da terapia sobreviveram em média 14,1 meses, contra 6,7 meses dos 14 restantes pacientes que receberam uma dose mais baixa.

Leia toda a notícia aqui.

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