Há precisamente um ano, a esta hora, tive alta do Hospital Distrital de Beja, onde fui operado a um cancro no cólon e estive internado 10 dias.
Na altura senti que tinha tido "ordem de soltura", porque, por melhor que sejamos tratados - e eu fui bem tratado por todos -, sentimo-nos sempre com a nossa liberdade condicionada.
Foi bom voltar a casa para junto dos que mais amo. Os meus pequenotes estranharam e sofreram com a minha ausência e receberam-se com um misto de surpresa e desconfiança. A alegria e os mimos vieram depois.
O pior das condições de acolhimento deste hospital são as casas de banho. Em situação de tanta fragilidade como a que nos encontramos quando estamos enfermos termos de utilizar aquelas casas de banho não ajuda nada o estado de espírito.
Continuaram na enfermaria os dois companheiros de infortúnio que já lá se encontravam quando fui internado. Uns dias depois quando lá voltei, encontrei-os bastante melhores do que no dia em que saí.
Há um ano, por estas horas, estava a ser operado ao cólon.
Às 6 horas cortaram-me os pelos da barriga e às 8 horas fui sedado, tendo ficado inconsciente.
Às 15 horas tive a visita dos meus primos enfermeiros no recobro e às 17 horas a da minha companheira.
Às 18 horas regressei à enfermaria.
A operação correu bem, tendo o corte sido maior do que o previsto porque o tumor se encontrava no cólon transverso e não no ascendente conforme fora diagmosticado.
À equipa que me operou, chefiada pela Dr.ª Fátima Caratão, deixo aqui, mais uma vfez, o meu reconhecimento e o meu agradecimento.
... no piso 2 do Hospital Distrital de Beja, para ser operado a um cancro no cólon. A tarde foi ocupada com preparação, análises e rx ao torax.
Fiquei situado entre dois idosos, que já lá estavam há algum tempo, com problemas bastante graves. Falavam pouco e sofriam e queixavam-se muito.
Sentia alguma ansiedade pelo que se iria passar e como me iria aguentar. A informação não ajudou meuito, porque foi sendo prestada a conta-gotas e em cima dos acontecimentos.
Lesão vegetante circunferencial e estenosante de ascendente (?), não ultrapassável - biópsias. Sem outras alterações. Referencio P C. Cirurgia.
Foi isto que, fez ontem um ano, a Dr.ª Maria Lopes Salazar escreveu no relatório da colonoscopia que me fez. Acrescentou, depois na conversa que teve comigo, que, independentemente do resultado das biópsias, devia ser operado rapidamente, para evitar o bloqueio do intestino.
Lembro-me do ar incrédulo da médica e da enfermeira perante a calma com que recebi o diagnóstico. Nessa altura a minha única preocupação era o de conseguir ser operado o mais depressa possível, tal como me disseram, para ver se me safava antes que fosse tarde.